A Síndrome do X Frágil é uma condição genética que causa alterações no neurodesenvolvimento. A mutação ocorre no gene FMR1, localizado no cromossomo X, reduzindo ou impedindo a produção da proteína FMRP, essencial para o funcionamento adequado do sistema nervoso. Isso resulta em atrasos no desenvolvimento, dificuldades cognitivas e comportamentais e algumas características físicas típicas, como face alongada e orelhas proeminentes.
Estima-se que ela acometa um em cada 4 mil meninos e uma em cada 6 mil meninas no mundo. No entanto, a falta de conhecimento sobre a síndrome dificulta a identificação precoce. Inclusive, costuma-se confundi-la com o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Abaixo, os geneticistas Dr. Gustavo Guida e Dr. Marcial Francis, da Dasa Genômica, explicam sobre a Síndrome do X Frágil. Confira!
Síndrome do X Frágil é hereditária
A síndrome decorre de alterações no gene FMR1, localizado no cromossomo X, o que explica sua transmissão hereditária e a manifestação geralmente mais intensa em meninos. Trata-se de uma das causas genéticas mais frequentes de deficiência intelectual e de uma alteração frequentemente associada ao TEA.
“Essa síndrome é frequentemente associada ao autismo, e muitas vezes a causa do autismo não é investigada, prejudicando o aconselhamento genético da família”, ressalta o geneticista Dr. Gustavo Guida, do laboratório Sérgio Franco, marca da Dasa no Rio de Janeiro.
Como dito, a condição é provocada por uma expansão anormal de repetições da sequência CGG no gene FMR1. Quanto maior for o número dessa repetição, maior a probabilidade de o gene ser silenciado — o que impede a produção da proteína FMRP, fundamental para o desenvolvimento neurológico.
Quando investigar a Síndrome do X Frágil
A investigação deve ser considerada em:
- Crianças com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor;
- Crianças com diagnóstico de autismo sem causa definida;
- Famílias com histórico de deficiência intelectual ou autismo recorrente;
- Mulheres com insuficiência ovariana precoce (antes dos 40 anos).
O diagnóstico tardio ainda é frequente, especialmente devido à baixa investigação genética em crianças com atrasos significativos.
Conforme o Dr. Marcial Francis, geneticista da Dasa Genômica, o diagnóstico tardio ainda ocorre com frequência devido à falta de informação sobre a condição.“É indispensável que os profissionais de saúde e os familiares considerem a investigação genética como parte da avaliação de crianças com atrasos significativos e histórico familiar sugestivo”, destaca.

Sinais da Síndrome do X Frágil
A síndrome apresenta grande variabilidade clínica. Entre os sinais mais comuns, estão:
- Atraso na fala e na coordenação motora;
- Deficiência intelectual leve a grave;
- Comportamentos semelhantes aos observados no TEA;
- Ansiedade;
- Hiperatividade;
- Sensibilidade sensorial;
- Dificuldade de atenção.
Características físicas, como face alongada e orelhas grandes, também podem estar presentes, mas não são determinantes isoladamente.
Outros sinais incluem fragilidade emocional, crises de ansiedade, dificuldade de atenção e problemas de coordenação motora. Devido à diversidade de manifestações e à variabilidade entre os indivíduos, é fundamental avaliar o conjunto de características e realizar a investigação genética para confirmar o diagnóstico.
“O que faz da Síndrome do X Frágil um desafio é a ampla variedade de manifestações clínicas. Nenhum sinal isolado confirma o diagnóstico, mas a combinação de atrasos no desenvolvimento, características físicas específicas, alterações comportamentais e deficiência intelectual são indicativos importantes que devem ser investigados”, destaca o Dr. Gustavo Guida.
Diagnóstico da condição
O diagnóstico é confirmado por exames genéticos, especialmente a pesquisa para o X-Frágil, por meio do PCR para FMR1, que identifica o número de repetições da sequência CGG.
O resultado do teste classifica como:
- Até 55 repetições: normal.
- Entre 55 e 200 repetições: pré-mutação (forma menos grave, mas que ainda podem necessitar acompanhamento).
- Acima de 200 repetições: mutação completa, caracterizando a síndrome.
“As tecnologias atuais como o PCR tornam o diagnóstico mais rápido e eficiente, o que é fundamental para o acompanhamento adequado do paciente e para o aconselhamento genético das famílias”, explica o Dr. Marcial Francis.
O PCR é um método rápido e preciso, essencial para confirmar o diagnóstico e orientar o aconselhamento genético da família.
Tratamento para a Síndrome do X Frágil
Ainda não há cura para a síndrome, mas há diversas abordagens que ajudam no manejo dos sintomas e na promoção de autonomia e qualidade de vida. Entre elas, estão:
- Terapias comportamentais e ocupacionais;
- Acompanhamento fonoaudiológico;
- Suporte educacional personalizado;
- Medicações, quando necessário, para convulsões, ansiedade, hiperatividade ou outras alterações associadas.
O aconselhamento genético é uma etapa fundamental, especialmente para famílias com histórico da condição. “Esse tipo de avanço, aliado à rápida evolução dos testes genéticos, pode transformar o cenário atual. Hoje, conseguimos diagnosticar precocemente e oferecer suporte direcionado, e isso já é um passo gigante para as famílias que enfrentam a condição”, finaliza o Dr. Gustavo Guida.
Por Mariana Bego